Após uma forte alta na sessão anterior, o mercado voltou a operar com instabilidade. O temor com a guerra comercial entre EUA e China voltou a pressionar as bolsas, especialmente as ações de tecnologia, após o governo Trump manter a tarifa global de 10%. A China, único país excluído da prorrogação tarifária de 90 dias, segue no centro das tensões. Por outro lado, a União Europeia anunciou a suspensão de suas tarifas retaliatórias, também por 90 dias, o que trouxe certo alívio.

Mesmo com esse cenário, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de março foi divulgado, mas teve pouca influência no mercado. O IPC geral caiu -0,1% no mês, e o núcleo avançou 0,1%, abaixo das expectativas. A inflação anual caiu para 2,8%, sinalizando algum arrefecimento. Apesar disso, investidores seguem focados nas tensões comerciais e seus impactos econômicos.

A temporada de balanços, liderada pelos bancos, começa amanhã, com expectativas positivas para os resultados do primeiro trimestre. Ainda assim, o destaque segue sendo a economia, com atenção especial para o consumo e o mercado de trabalho, que juntos representam grande parte do PIB dos EUA.

Três pontos principais do mercado:

  1. IPC e inflação sob análise:
    Os dados de inflação vieram abaixo do esperado, com queda no IPC geral e no núcleo. No entanto, os custos com moradia subiram. O foco do mercado segue nas tarifas e seus possíveis efeitos inflacionários. Amanhã será divulgado o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que pode dar sinais iniciais sobre o impacto das tarifas.
  2. Valuation e expectativas de lucro:
    O índice P/L futuro do S&P 500 caiu para menos de 20, o que pode indicar “barateamento” das ações. Porém, se os lucros caírem, o múltiplo ainda pode parecer alto. Análises históricas mostram que o P/L, sozinho, não é um bom preditor de retornos futuros. O crescimento dos lucros pode desacelerar se as tarifas persistirem.
  3. Alta histórica dos índices:
    O Dow Jones subiu mais de 2.900 pontos em menos de três horas na quarta-feira — um salto histórico, equivalente a quase 90 anos de valorização. O S&P 500 teve sua maior alta desde 2008 (+9,52%) e o Nasdaq-100 subiu 12%. A volatilidade segue elevada, e especialistas recomendam diversificação para evitar concentração de risco.