RESULTADO FINAL 3° TRIMESTRE

• O PIB do terceiro trimestre de 2023 avançou 0,1% na comparação trimestral, acima da nossa expectativa (-0,3%) e da mediana do mercado (-0,2%), mas desacelerando em relação ao trimestre anterior, quando apresentou crescimento de 1,0% (revisado de 0,9%).
• Em relação ao 3T22, a atividade econômica registrou alta de 2,0% (ante 3,5% anterior), avançando 3,1% no acumulado nos últimos 4 trimestres.
• O PIB do terceiro trimestre do ano surpreendeu positivamente as expectativas novamente, mas confirmou o cenário de desaceleração da atividade econômica.


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O PIB do terceiro trimestre de 2023 avançou 0,1% na comparação trimestral, acima da nossa expectativa (-0,3%) e da mediana do mercado (-0,2%), mas desacelerando em relação ao trimestre anterior, quando apresentou crescimento de 1,0% (revisado de 0,9%). Em relação ao 3T22, a atividade econômica registrou alta de 2,0% (ante 3,5% anterior), avançando 3,1% no acumulado nos últimos 4 trimestres. O carrego estatístico para o ano de 2023 é de 3,0%.


Importante ressaltar que a série passou por revisão nos dados anteriores. Dentre as mais relevantes, destaca-se o PIB do 4T22 que passou de -0,1% para -0,2%, além da variação da economia no 1T23 que saiu de uma alta de 0,5% para avanço de 0,1%.

Em relação ao desempenho trimestral, pela ótica da oferta, serviços avançaram 0,6% (QoQ), desacelerando em relação a alta de 1,0% no trimestre anterior, puxado principalmente pelos avanços em serviços financeiros (1,3%), imobiliários (1,3%) e informação e comunicação (1,0%). Pelo lado negativo, note-se recuo em transporte e armazenagem (-0,9%). A indústria também registrou alta de 0,6% no 3T23 (ante 0,9% no 1T23). Resultado foi puxado pelo alta em utilities (3,6%). As indústrias extrativa e da transformação desaceleraram em relação ao trimestre anterior, enquanto o setor de construção registrou forte queda de 3,8% no período (vs. 1,3% no trimestre anterior). O setor agropecuário (-3,3%) foi o único a registrar queda no terceiro trimestre. Apesar disso, cabe destacar que o desempenho da agropecuário no 2T23 foi revisado de queda de 0,9% para alta de 0,5%.

Sob a ótica da demanda, destaque positivo para o consumo das famílias (1,1% vs. 0,9%), acelerando em relação ao trimestre anterior e apresentando resiliência. O consumo do governo registrou alta de 0,5%, arrefecendo na comparação trimestral, mas ainda contribuindo positivamente. A formação bruta de capital fixo caiu 2,5%, acelerando a
queda observada no trimestre anterior (-0,3% revisada de 0,1%). Em relação as contas externas, as exportações (3,0% vs. 3,5% anterior) registraram leve desaceleração em relação ao 2T23, mas ainda em patamar robusto, enquanto as importações recuaram 2,1% (vs. 4,1% anterior) no período.

Em relação ao 3T23, sob a ótica da oferta, destaque positivo para o setor agropecuário (8,8%), que apesar da desaceleração em relação ao trimestre anterior quando registrou alta de 20,9% (revisado de 17,0%), manteve desempenho robusto no período. Serviços avançaram 1,8% (vs. 2,7% anterior) na comparação anual, com desaceleração em 5 dos
7 segmentos pesquisados. Destaca-se os avanços em serviços financeiros (7,0% vs. 7,8% anterior), imobiliários (3,6% vs. 2,9% anterior), informação e comunicação (1,6% vs. 3,9%), transporte e armazenagem (1,6% vs. 4,3%) e comércio (0,7% vs. 0,6%). A indústria subiu 1,0% no terceiro trimestre na comparação anual, estável em relação a trimestre anterior. Destaque positivo para aceleração em utilities (7,3% vs. 3,3% no 2T23. A indústria extrativa registrou crescimento de 7,2% no período, arrefecendo em
relação a alta de 8,6% no trimestre anterior, enquanto a indústria da transformação recuou 1,5% (vs. -1,9% anterior). Além disso, note-se queda de 4,5% em construção.

O PIB do terceiro trimestre do ano surpreendeu positivamente as expectativas novamente, mas confirmou o cenário de desaceleração da atividade econômica. O setor de serviços registrou a principal surpresa positiva na divulgação, enquanto a agropecuária apresentou recuo menor do que o esperado. A indústria, por sua vez, seguiu em tendência de desaceleração, com forte queda em construção, apesar do avanço em
utilities. Pela ótica da demanda, destaca-se a resiliência do consumo das famílias, impulsionado pelo mercado de trabalho aquecido além da expansão fiscal em vigor, que também segue suportando o consumo do governo. Importante destacar também a forte contribuição das contas externas, impulsionada pelo avanço nas exportações. Pelo lado
negativo, destaque para o forte recuo na formação bruta de capital fixo, puxada pelo fraco desempenho dos setores de construção e bens de capital, por sua vez, negativamente influenciados pelo alta patamar da taxa de juros. Apesar do resultado acima da expectativa, esperamos que a atividade econômica continue desacelerando a frente. Adicionalmente, revisamos nossa estimativa de PIB de 2023 de 2,7% para 2,9%.